sábado, 12 de setembro de 2009

Enfim, de volta.

... Após muito tempo sem um canal de comunicações virtual, finalmente sai do ostracismo e e fiz este blog. Não é fácil recomeçar, no sentido de escrever, de maneira pessoal, aqui no domínio público. Primeiro, porque eu tenho o vício de escrever para mim mesmo. Segundo, que estou desacostumado a me expressar confessionalmente em um local aonde a propriedade intelectual é pública... É engraçado como certas coisas caem e desuso e eteceteras, mas olhando em retrospecto, bastante coisa mudou com relação a minha escrita. Ainda não tenho meios de colocar textos novos aqui, então começarei com alguns que estão em outro blog meu, datados da metade de 2006 ( Minha primeira grande crise ) . Eu tinha 16 anos, e passava por uma fase "das fodidas", tanto que o estilo é muito mais agressivo. Não sei como me colocar em uma posição de réu, a fim de submeter-me a mim mesmo a um julgamento. Gosto dessas poesias, simples assim. Refletem um momento no tempo, uma recordação.

Sem mais delongas, vou colocar as poesias aqui... Ah, e um agradecimento especial à Mariana, que me "deu a idéia" de montar este blog. Realmente, uma boa idéia, acho que faz mais de um ano que ninguém le nada que escrevo :P

O Moderno Iluminado



I

Da frivolidade retórica, espero jamais padecer,
Rio quando me é conveniente, falo quando desejo ser ouvido
E por isso, solitário, espero o amanhecer...
Me leva a crer no martírio social, sentimento por mim merecido,
Que me acompanha até o dia, em que já fraco, irei morrer...

Loucos dorminhocos, pesados sonâmbulos,
E que os mais sérios não o fazem perceber,
De alma pura, eles já não estão mais, mas insistem em receber
A benção alheia, enquanto, longe dali, o sonâmbulo percebe,
Seu mundo, prestes a desabar, ouve com desdém as bênçãos que recebe...

II

Seu refúgio foi a taberna, no passado.
Mas agora, ele já esta despossuido de mórbido desejo,
E os dorminhocos, insistem em dizer: “Estás errado!”,
Mas ele, ouve os vermes, e o Maximo que lhe vem na mente é um lampejo:
“Ó alma trimegista, por que me deu esta visão!”Eis sua sina de danado.

Alguns o olham com curiosidade, a maioria com desdém,
Será que a luz o cegou?Ele não liga, anda sempre sozinho.
De família, considera-se órfão, de amigo, não tem ninguém
E os outros, sorrindo seus sorrisos mais cretinos: “Vejam o louquinho!”,
Mas ele continua andando, sofrendo e enxergando, sua alma ele retém.

III

Prefiro pensar que ele possui um grande dom, quase uma benção,
Enquanto os outros, cegos e estúpidos, pensam em doença(como doentes!),
Isso lhe faz pensar em tudo com ironia, fantasiar que no final, ouvirão(da alma):
“Pobres diabos, vocês!Calem vossa boca podre!A vocês, conservei a verdadeira demência!”
Então, satisfeito, ele juntará tudo, e comerá os vermes em farto banquete, vistoso panelão!

A Loucura


I

Louco... É apenas uma denominação, que damos aquela pessoa
Cuja lucidez não nos é entendida.Não...Que bobagem estou dizendo!
Por vezes, nos salões vazios de minh'alma, sua voz ressoa
E em minha loucura não sei o que estou fazendo...

II

Quantas vezes beijei, com ardor e desespero, a boca dessa jovem louca!
Com seus lábios negros e rasgados, falava com ternura de mãe sobre a morte,
E o que me impedia de ser tragado ao seu reino era sua voz rouca,
Mas hoje percebo, a dimensão...De minha sorte!

III

Essa jovem garota, que falava com voz de anciã, sempre
A me tentar com doçura, nunca tirana, a falar
Eternas verdades, por quanto tempo seduziu meu espírito jovem, indolente!
Hoje sou velho como ela, e entendo perfeitamente seu praguejar,
Pois ambos temos almas velhacas, em corpo adolescente!

Pedra Bruta e Pedra Lisa

O segredo e a mulher são diamantes multifacetados
E o homem, duplas máscaras usam;
Outros preferem suas tríplices fantasias.
Alguns no bar afogam as mágoas vizinhas, afogam
Seu próprio ser, no obscuro de algo, de apenas
Uma face, só uma: alcool; mulher fácil; tabaco...

Mas será possível a uma
Parede ser vista como apenas
Uma
? E o tabaco que ele fuma ?
E a mulher que ele paga, e o alcool
Que ele bebe ? Talvez aí esteja,
O grande mistério do homem...

Novo Vampíro de Curitiba

Ao som da música preta
Que hesita sempre em parar,
Que dêmonios escondem-se
Por trás das vias e saculejos...
Desta velha cidade nova,
Que nunca hesita em continuar ?
E que vampiros vos esperam
Nesta, naquela ou na próxima
Esquina; esperando pr'a te matar,
Antes desvanecer no que resta;
?
Da glória, antes que p'rum esgoto
Ela se meta!
E então, quem terá forças,
Então, para continuar ?
Talvez um grande Monstro,
Maior que todos já pensados,
Com o M maiúsculo a se mostrar,
Esperará então, para se levantar ?


Um comentário:

  1. Julio, adorei todos os poemas! Parabéns!!!
    Ficou lisonjeada por tê-lo "influenciado" a fazer o blog.

    Beijos!

    ResponderExcluir